Escócia, 1296Sortilégio de amor
Na época mais sombria da Escócia, um guerreiro inglês trajado de negro chega em busca de Tamlyn MacShane. Abençoada com os poderes da percepção, Tamlyn previra aquele dia, em que o implacável guerreiro Julian Challon conquistaria sua terra - e seu coração. Determinada a resistir a ele, Tamlyn luta com todas as armas que tem ao alcance... mas não há como se contrapor àquela força e sensualidade...
Cansado de batalhas sangrentas, Julian anseia por uma vida tranquila, e o bucólico vale no coração da Escócia é o lugar ideal para reaver a paz de espírito de que ele tanto precisa. Em seus planos, a jovem dama, moradora do castelo, deveria ser apenas uma prisioneira, mas a beleza vibrante de Tamlyn o enreda de corpo e alma... E o intrépido guerreiro corre o risco de sucumbir a um encanto que não pode ser quebrado...
MEDIAFIRE
ZIDDU
PARTES DO LIVRO:
Os homens se afastaram, dando espaço ao guerreiro. Sua presença
transmitia um poder bruto, elemental, do tipo que Tamlyn jamais encontrara. Os
cabelos em sua nuca se eriçaram quando ela o fitou.
A armadura que recobria braços e coxas, a cota de malha, o
manto e a capa eram negros.
O guerreiro arrancou o elmo e jogou para trás o capuz de cota de
malha. Os cabelos do mesmo tom marcante de piche não eram no estilo normando,
porém longos, puxados para trás das orelhas, até o colarinho de metal que lhe
cobria a nuca.
A respiração de Tamlyn entrecortou-se.
Aquele homem era... belo. Não, esplêndido! O ar que o rodeava
parecia vibrar com a energia tórrida que emanava dele, tal como o sibilar e o
estrondo de um raio.
Ele estendeu o elmo a um dos homens com a consideração que
poderia dar a um servo. Tirou as manoplas de couro negro com hábil precisão e
as entregou também. Sua expressão mostrava desprezo.
Então, fixou a atenção em Tamlyn. Os homens se afastaram de lado,
cabisbaixos, sem que ele precisasse murmurar uma palavra. Tamlyn estremeceu,
sabendo que poucos eram dotados de tamanha autoridade.
Os dedos longos do guerreiro a seguraram pelo queixo,
erguendo-o, forçando-a a encará-lo. Os olhos que a fitavam tinham o tom das
granadas verdes, circundados por cílios tão longos que fariam uma mulher chorar
de inveja. Quando Tamlyn olhou dentro deles, o mundo se estreitou. Nada mais
existia.
Havia apenas aquele cavaleiro todo de negro.
O queixo era forte, quadrado. A boca pequena, desenhada com
curvas sensuais, era sedutora, com um traço talvez de crueldade. Duas mechas
negras encaracoladas caíam displicentemente sobre a testa alta, dando-lhe um ar
insinuante e transgressor que nenhum simples mortal tinha direito de ter.
Havia uma inteligência determinada e aguda dentro daquele
guerreiro, Tamlyn sentiu. Ele era o último homem que ela gostaria de enfrentar
como adversário.(...)"
"(...)
Tamlyn tinha de aceitá-lo. Se não se rendesse por livre vontade,
de coração e mente, algo dentro dele sucumbiria. As trevas o reclamariam, e não
lhe restaria mais nada.
Tamlyn tinha o poder de expulsar a negrura da noite que lhe
devorava a alma. Era o farol com o qual ele poderia encontrar algo melhor na
vida, o sol ao raiar do dia.
Depois de se sentir tão morto por dentro no ano que se fora,
todos aqueles extremos violentos eram quase demasiados para que pudesse
suportar. Fechou os olhos ao modo como ela lhe espicaçava os sentidos e
permitiu que aquele poder magnético provocasse uma tempestade em seu íntimo.
Com os músculos do maxilar tensos, lutando por controlar-se, deixou por conta
de Tamlyn consentir com sua proximidade. (...)"
"(...)
Tamlyn o fitou, furiosa. Nenhum homem lhe dizia o que fazer, nem
mesmo o lorde, seu pai.
Dome o Dragão, sussurrou a voz da
percepção.
Uns poucos raios de sol de repente romperam a névoa, os feixes
brilhantes incidindo sobre Challon, criando um halo em torno dele. E Tamlyn
conteve o fôlego diante de tamanha beleza.
Dome o Dragão...
Mais uma vez, as palavras flutuaram ao vento.
A mão de Tamlyn ergueu-se, na direção de Julian. Ela pôde ver
que ele se contraía de um modo perceptível, os olhos a escurecerem com uma
ânsia do fundo da alma. Pousou a palma naquela face tensa. Aquele homem precisava
tanto de cura... Precisava de esperança.
Os olhos verdes cravaram-se nos dela, quase temerosos de aceitar
a carícia.
— Julian...
Lentamente, a mão de Challon ergueu-se para cobrir a dela, num
toque leve a princípio, ainda incrédulo, e em seguida com mais força, intenso.
Uma luz brilhou naqueles olhos sombrios, consumidos pela solidão e o
desespero, a mente acossada por um anseio assustador de tão forte. Ele semicerrou
os olhos e inclinou a cabeça para a palma, num gesto infantil, de alguém a
saborear algo por muito tempo negado.(...)"
"(...)
Ao se aproximarem do local onde as árvores antigas se arqueavam
e cresciam entrelaçadas, a bruma se abriu e revelou o guerreiro montado no
cavalo negro, logo além. Naquele mundo em branco e cinza, ele estava vestido
todo de negro. As flores das macieiras rodopiaram em torno dele como uma
tempestade de neve, despenteando os cabelos negro-azulados e cobrindo a cabeça
e os ombros.
Tamlyn conteve a respiração. Challon era belo, tão poderoso e
majestal! Como aquelas colinas das Terras Altas. A percepção murmurou a seu
ouvido: ele pertence a esse lugar. Tal como Tamlyn pertencia a ele. Quando seus
olhos se encontraram, ela aceitou o seu destino.
Ele era o escolhido.
Pétalas choveram sobre ele. Era a deusa Evelynour a dar a Tamlyn
o sinal que ela pedira.
Julian estendeu a mão, a palma para cima, num chamado.
Oh, por favor, aceite-me!, sua alma murmurou,
aflita.
— Precisa sentar-se perto do fogo — ele disse, em voz alta. — Está
tremendo.
Levou-a até o solário para que se sentasse na cadeira forrada de
peles diante da lareira. E Tamlyn o observou com um olhar cauteloso enquanto
Julian alimentava o fogo. As chamas azuis cresceram com força, a irradiar
calor.(...)"
"(...)
Julian inalou o vento beijado pela maresia, o cheiro de lavanda
e urze de Tamlyn, o calor especial de sua feiticeira. Prendeu-a na proteção de
seu abraço, roçando o nariz por sua face.(...)"
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